Presidente de Ruanda ataca França em ato de recordação do genocídio

07/04/2014 11:34

Presidente de Ruanda ataca França em ato de recordação do genocídio

Paul Kagame disse que é impossível 'mudar os fatos'.

Tragédia que matou 800 mil pessoas completa 20 anos.

O presidente de Ruanda, Paul Kagame, discursa em evento que marca os 20 anos do genocídio no país (Foto: Sinon Maina/AFP)

O presidente de Ruanda, Paul Kagame, discursa em evento que marca os 20 anos do genocídio no país (Foto: Sinon Maina/AFP)

 

 

O presidente de Ruanda, Paul Kagame, discursou nesta segunda-feira (7) em evento que marca os 20 anos do genocídio no país – responsável pela morte de 800 mil pessoas em 100 dias, a maioria da etnia minoritária tutsi –, e atacou a França de maneira velada, ao declarar que é impossível "mudar os fatos".

"A passagem do tempo não deve obscurecer os fatos, diminuir a responsabilidade ou transformar as vítimas em vilões", disse.

"As pessoas não podem ser subornadas ou forçadas a mudar sua história, e não há nenhum país suficientemente poderoso, inclusive quando acreditam que são, para mudar os fatos. Afinal de contas, "les faits sont têtus'' (os fatos são teimosos)", completou Kagame, falando a última frase em francês, o que provocou muitos aplausos.

O aniversário do massacre em Ruanda é marcado por uma polêmica sobre a suposta cumplicidade da França no ocorrido. O presidente do país acusou a França, em entrevista publicada no fim de semana, de ter desempenhado um "papel direto na preparação do genocídio" e de ter "participado de sua execução".

Mulheres passam mal durante uma cerimônia pública para marcar o 20 º aniversário do genocídio de Ruanda, no estádio Amahoro  (Foto: Ben Curtis/AP)

Mulheres passam mal durante cerimônia pública no estádio Amahoro para marcar o 20º aniversário do genocídio em Ruanda (Foto: Ben Curtis/AP)

 

A França, aliada do governo nacionalista hutu antes de 1994, sempre negou qualquer cumplicidade no massacre.

Em resposta às novas acusações de Kagame, Paris anulou a participação de um ministro nos atos oficiais, e o embaixador da França foi excluído das cerimônias desta segunda-feira.